Hoje tive necessidade de ir a um balcão da Caixa Geral de Depósitos.
Muito raramente me dirijo a um Banco mas hoje, em razão de terceiros
teve que ser. Porque é dia 10 e, segundo me apercebi é o dia em que a
generalidade dos aposentados recebem a sua reforma, retirei um talão com
o número 74 às 10h08m e fui atendida às 11h40m. Pude assim apreciar as
vidas, ouvir as histórias e pensar em mim. Era tanta gente, com tanta
idade, com tanta vida. A determinada altura foquei a minha atenção num
casal. Pareceu-me tratar-se de pessoas entre os 70 e os 75 anos. Ela era
terna, segura de si, bem arranjada e atenta ao que a rodeava; ele tinha
uns óculos escuros e estava muito bem vestido. Os dois estavam de braço
dado e conversavam baixinho, reparei no imenso carinho com que se
tratavam. Admirei-os por isso. Criei na minha cabeça a sua história:
provavelmente foram um para o outro a vida toda e agora, nesta fase mais
madura continuavam a distribuir carinho entre os dois. De repente
alguém diz: Aquele Senhor é cego! Eu não tinha reparado, tinha apenas
visto que ele amava a Senhora. Sim, o Senhor é cego e também é amado,
muito amado.
Não sei se envelheço até aos 70 ou 75 anos. Estarei
cá? Se estiver quero ter ao meu lado o meu companheiro de vida e quero
dedicar-lhe energia idêntica à que hoje ali senti, e tratá-lo com aquele
imenso amor. Afinal o amor é para a vida toda!
Amamentar: a minha experiência
Há 9 anos